sexta-feira, 12 de outubro de 2012



Sou gorda...

Quando a norte-americana Jenn Leyva tinha 16 anos, seu pai lhe disse que, se ela perdesse peso, ganharia um carro de presente.

Ela chorou, foi para seu quatro, terminou a lição de casa, deixou a casa da família e hoje vive em Nova York, onde é ativista das mulheres acima do peso e estuda bioquímica – para, entre outras coisas, entender a composição das moléculas de gordura.

Também mantém o Tumblr Fat and the Ivy, onde relata suas dores e delícias por ter quilos a mais do que o considerado “normal” por nossa sociedade. Foi lá que achei o texto que reproduzo a seguir, sobre a experiência de aprender a amar um corpo que todo mundo a ensinou a rejeitar.

 É um depoimento importante pela reflexão que traz. Confira e deixe sua opinião nos comentários:

“Quando chega o dia da minha aula de balé, 30 minutos antes, o medo e o pavor tomam conta dos meus pensamentos. Isso acontece porque tenho de escolher minha roupa e, embora tenha um armário bem abastecido, nunca fico contente com o resultado.

Gasto pelo menos 20 minutos vasculhando minhas gavetas em busca de uma roupa que não existe. Procuro algo bacana, que fique bem em mim, mas me dou por vencida e acabo sempre optando pelo mesmo shorts masculinos e camisetas oversized.

Em seguida, começo a sentir medo de olhar meu corpo no espelho quando chegar à aula, ou de acabar me comparando a outras colegas. Penso em ficar na última fila, o mais longe possível dos espelhos. Quero evitar ser surpreendida pela visão de minha papada. Ou de minha barriga escapando da camiseta.

Nessa hora, tenho de me lembrar que, sim, sou bonita e, mais importante, digna de estar naquela classe com as outras meninas.

Lembrar que amo meu corpo e que posso sentir prazer em movê-lo. Que posso ter esse momento e encontrar a beleza em mim."

Esta é uma história de uma menina que hoje é uma MULHER e que sofreu e ainda sofre...

Pois eu tambem sou gorda ou como dizem os médicos, estou acima do peso IDEAL.


Fiz mil e uma dietas para emagrecer, emagreço e em seguida engordo ainda mais.

Enfim depois de alguns anos deixei de fazer dietas e mantenho o meu peso, "sou gorda e dai, será que vem algum mal ao mundo?"

EU AMO O MEU CORPO, EU ACEITEI-ME...

Eu detesto classificar estes problemas (sim, eu reconheço que eles são problemas) como uma questão de “imagem corporal”. ”

Imagem corporal” não diz respeito exatamente à imagem dos corpos. Mas sobre as relações que temos com eles.

 É sobre como os olhamos, como eles se movem, como os sentimos e os tratamos.

Na maioria dos debates que presenciei sobre isso, percebi que todos culpam os meios de comunicação e a publicidade por exporem as meninas a padrões impossíveis de alcançar – e assim deturpar a tal “imagem corporal” que temos.

Mas mais do que vender produtos, esses estímulos midiáticos levam as pessoas a terem hábitos pouco saudáveis:
- dietas loucas,
- alimentação desordenada,
- uso de remédios não confiáveis,
- cirurgias desnecessárias.

E, no entanto, muitos desses comportamentos já me foram recomendados por profissionais da saúde.

Veja, não sou obesa mórbida, embora os quilos a mais me acompanhem desde criança. Quando eu tinha oito anos, um médico chegou a ter uma conversa séria com meus pais, para alertá-los de que eu era “grande” demais para minha altura. Foi quando me deu uma lista com 10 dicas para que eu começasse uma dieta.

Era para ter sido um gesto qualquer, sem grandes implicações, mas tornei uma obcecada pela lista.

Ali, enxerguei meu corpo como uma falha pessoal, e essa lista era chance que eu tinha de me redimir. Passei a seguir à risca as orientações, e a partir daí minha adolescência se encheu de consultas médicas com todos os tipos de especialistas, dietas mirabolantes, choros escondidos.

Os médicos tratavam meu corpo como se ele fosse uma doença, e acreditei neles. Eu acreditava que minha gordura corporal significava que eu estava sobrando no mundo. Que era preguiçosa, desleixada, alguém em quem não devíamos confiar.

Que, por isso, eu mesma não deveria confiar em mim. Mesmo quando sentia fome, não me sentava à mesa; não queria agravar esse problema.

Com o tempo, entendi que deveria me afastar dos tratamentos convencionais ditos de saúde caso quisesse de fato resolver meu problema de “imagem corporal”, pois eles eram consequência direta do entendimento errado que os médicos tinham de minha situação.

 Eu não tinha um problema; era apenas diferente. Para entrar em paz com meu corpo, tive de rejeitar tudo o que conhecia até então.

Passei eu mesma a escolher meus médicos e a estabelecer firmes limites nessas relações. Dizia claramente:

“Não quero dietas. Quero uma alimentação adequada”.

Assim, fui aprendendo a amar o meu corpo, minha flacidez, o jeito como meus músculos reagem aos movimentos. Abracei meus quilos a mais. E fiz isso porque me preocupo demais com meu corpo, com o relacionamento que construí com ele.


Quando estou no trabalho e devo dizer aos meus pacientes que devem comer isto ou aquilo, que devem fazer esta ou aquela dieta, lembro-me de que, ainda que seja difícil, é importante que se amem e amem os outros porque somos todos diferentes e não podemos ser todos como as estacas ou cabides que nos apresentam todas as estações na dita MODA, ame o seu corpo e vai amar-se, eu amo o meu corpo.

Mesmo assim, ainda que eu tenha toda essa consciência, admito que tenho medo de ver, mesmo que de relance, algo feio no espelho. Até agora, no entanto, só vi o meu corpo. Meu corpo curvilíneo, gordo, mas bonito.”
























Se se sente excluida da moda, da sua vida e está em sofrimento pode entrar em contacto comigo e vai conseguir aceitar-se tal como é...beijos a todas e todos que por serem gordos se sentem excluidos...

Ser gordo!!!!!!





Houve uma época na história em que os gordos estavam com tudo. Nas artes, mulheres eram retratadas com gordurinhas a mais, todas garbosas e vaidosas de suas belezas.

Nesta mesma época gordura era sinal de boa saúde!

 E a magreza, sinal de pobreza e pouca saúde.
Mas a ciência mostrou que não é bem o caso, e que uma pessoa acima do seu peso pode ter vários problemas de saúde com o passar dos anos.

Acho que o fato de alguém ser gordo ou magro vai desde as predisposições genéticas, ao ambiente familiar, e principalmente ao modo que sua mãe te ensinou a se alimentar.

 Infelizmente, a mãe (e também o pai) tem uma boa dose de influência alimentar na sua vida e muitos não percebem isso.

Quantas vezes não vemos mães, ansiosas ou por medo de ver os filhos doentes, ou até mesmo querendo ver uma recompensa pelo seu amor de nutrir sua cria ( psicólogos, help! hehe), não fazem de tudo para a criança comer mais do que quer?

E a criança, capta da sua mãe que aquilo lhe agrada. A comida deixa de ser apenas a saciedade básica, torna-se uma espécie de troca emocional. E é aí que a coisa pega!

Quantas pessoas não comem a mais para alimentar suas necessidades emocionais?

O corpo não precisa de tudo aquilo, mas a sua ansiedade, tristeza, raiva precisam daquela anestesia?

Também comemos em momentos felizes, mas em geral, é nos momentos difíceis que o ser humano busca consolo em algo, e muitos o buscam na comida.

Claro que tem aquelas pessoas que mesmo se controlando, e querendo emagrecer, não conseguem. E entram literalmente “na faca”, e reduzem o estômago.

E por que uma pessoa se submete a tamanha operação, perigosa e delicada? Principalmente por causa da sua saúde física!!

Então, por conta de tudo isso, acho muito estranho esta campanha nos EUA para o “FAT POWER”, em que falam como se os Gordos fossem uma minoria – o que não é verdade, são a maioria naquela nação – e esquecendo esta parte da saúde, privilegiando a gordura e a obesidade, como naquela época em que ser gordo significava ser saudavel.


Eu acho que a questão não é a guerra entre gordos e magros, como se fosse entre negros e brancos ou entre homens e mulheres. O embate que deve se levar em conta é Gordura X Saúde.